O primeiro "bis" da carreira foi a resposta de Mateus a um penálti desperdiçado

Antes do início do jogo em Mosteirô, o primo, que é massagista no clube do concelho de Santa Maria da Feira, disse-lhe para tirar folga de golos. O pedido pareceu ter tido alguma influência quando, em cima do intervalo, Mateus desperdiçou uma grande penalidade, mas o médio da UD Mansores deu a volta por cima, ao ponto de ter bisado pela primeira vez na carreira. Formado no FC Arouca, chegou a cumprir uma pré-época na equipa principal, sob o comando de Lito Vidigal, mas, com o passar do tempo, o futebol acabou por cair para segundo plano. “Falhou alguma coisa. Em grande parte, a culpa foi minha”, comenta.

A 4.ª jornada da 1.ª Divisão Distrital foi rica em registos importantes para a UD Mansores. Não só se estreou a vencer fora de casa, como também o fez por uma margem superior a um golo, algo que ainda não havia conseguido até então. “A zona Norte é muito equilibrada”, atira Mateus, que lembra que, esta época, “os moldes do campeonato são diferentes, com muito menos jogos do que na época passada”, o que leva a que haja “muito menos margem para errar para as equipas que quiserem atingir um objetivo”.

A UD Mansores, mesmo “não sendo o principal favorito” na luta pelos lugares de subida, promete “entrar em cada jogo para lutar pelos três pontos”, até porque “as contas fazem-se no fim”. Em Mosteirô, os arouquenses quebraram a barreira psicológica de ainda não terem vencido fora de portas, num jogo que se tornou especial para Mateus. Como adversário estava o primo, massagista. “Ele tinha dito para não marcar neste jogo”, recorda o médio, que até começou por desperdiçar uma grande penalidade. “Bati como costumo bater, mérito para o guarda-redes. Acontece”.

É verdade, só acontece a quem tenta. Cientes disso, os companheiros de equipa trataram de lhe levantar a moral durante o intervalo. “Já não falhava um penálti há muito tempo. Fiquei frustrado, mas eles disseram-me para não desanimar”, e Mateus fez-lhes a vontade. Na segunda parte, acabaria por bisar, um feito inédito na carreira. “Como sénior, foi a primeira vez”, confirma o jogador, que fala numa vitória justa. “O resultado (2-0) reflete o que foi o jogo. A equipa esteve por cima durante grande parte do jogo e teve muitas oportunidades”, justifica.

Aos 23 anos, o jovem admite que “o futebol passou para segundo plano” na sua vida. Mas nem sempre foi assim. Diz que quem o conhece sabe que sempre foi apaixonado pela bola e que ser futebolista era o objetivo a alcançar. Formou-se no FC Arouca, por quem se sagrou campeão distrital de juniores, em 2014/2015. “Nesse ano, tive a oportunidade de participar em alguns treinos da equipa principal. Na época seguinte, integrei a pré-temporada com o treinador Lito Vidigal”, recorda, só que uma lesão atrapalhou a sua afirmação. “Passei grande parte dessa época a treinar com os seniores. O que aconteceu depois? É o futebol. Talvez não tenha tido a qualidade suficiente para atingir outros patamares. Gostava, mas falhou alguma coisa. Em grande parte, a culpa foi minha”, desabafa.

Mudou-se para o GDSC Alvarenga SAD, onde passou a conciliar o futebol com o trabalho numa fábrica, “no turno noturno, o que tornava a minha vida um bocado complicada”. Na época passada, aceitou o convite da UD Mansores e decidiu retomar os estudos. Frequenta um Curso de Especialização Tecnológica em gestão de qualidade, ambiente e segurança, e é por aí que pretende seguir profissionalmente. “É claro que o futebol continua a representar uma paixão. Quando vou para dentro do campo quero dar sempre o meu melhor”, apressa-se a acrescentar, não vá alguém ficar com a ideia errada. Mateus promete continuar a dar o melhor de si nos relvados, como uma verdadeira paixão o exige.

Fotografia
União Desportiva Mansores

26 de Novembro de 2020
Rui Santos
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