No regresso aos relvados Guima trocou a baliza pelo ataque e marcou

Se alguém aventasse a possibilidade de Guima, habitual guarda-redes, voltar a jogar esta época, o fizesse no papel de ponta de lança e que iria celebrar um golo, muito provavelmente o jovem, de 23 anos, soltaria uma gargalhada e desvalorizaria o cenário. Só que o futebol dá muitas voltas e o enredo cumpriu-se ponto por ponto, numa tarde que poucos esquecerão em Nogueira da Regedoura.

Depois de ter ajudado o clube a subir à 1.ª Divisão, na época passada, Guima decidiu dedicar-se aos estudos. Em novembro, inscreveu-se num curso de eletricista, em horário noturno, e deixou o futebol em "standby". Os afazeres profissionais sobrepuseram-se, mas assim que soube que 18 jogadores da AD Nogueira da Regedoura não poderiam defrontar a AD Valecambrense, no último domingo, voluntariou-se de pronto para ajudar.

“Todo o grupo disse que estava pronto”, conta, mas não foi assim tão simples preparar a partida. É que, tirando os jogadores que cumpriram isolamento profilático devido ao surgimento de um caso positivo de covid-19 no plantel, sobravam apenas nove jogadores inscritos pelo clube na AF Aveiro.

Apesar dos esforços para que fosse levantado o isolamento dos 17 jogadores que testaram negativo à Covid-19 no final da última semana, a decisão manteve-se inalterada. Por parte da AD Valecambrense houve abertura para se adiar o jogo, mas o regulamento da Prova Final da 1.ª Divisão Distrital não o permite nas duas últimas jornadas, deixando a AD Nogueira da Regedoura com duas opções: perder por falta de comparência ou ir a jogo com os jogadores disponíveis.

“Não quisemos deixar ficar mal a instituição. Tentámos ganhar por todos os colegas que estavam em casa, por toda a gente”, refere Guima. Entre os nove resistentes, havia dois guarda-redes e alguns já tinham inclusivamente desistido do futebol. “Um colega até abdicou de um fim de semana de férias com a família para vir jogar”, refere o habitual guardião, que aceitou avançar no terreno para jogar como ponta de lança.

“Foi muito mais complicado, porque tivemos de correr três vezes mais, mas demos tudo para tentar a vitória, como fazemos em todos os jogos”, explica. Guima fez a sua parte, de tal modo que acabou o jogo com as pernas “guerriadas”, tendo a namorada feito “umas massagens para poder ir trabalhar” no dia seguinte.

A AD Valecambrense venceu por 3-1, mas o esforço de Guima foi recompensado com um golo, de grande penalidade, o segundo da carreira. Antes, já havia marcado na execução de um livre direto, no futebol popular de Espinho, cidade de onde é natural. O último fim de semana fez-lhe reanimar um “bichinho” que nunca chegou a morrer. “O grupo que temos só faz aumentar a saudade”, confessa, antes de deixar uma garantia: “Se for preciso, acabo a época”.

Fotografia
Associação Desportiva Nogueira da Regedoura

3 de Junho de 2021
Rui Santos
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