Desporto popular regressa em 2021 em segurança e adaptado às circunstâncias

Em plena pandemia sanitária, que, para já, se manifestou em duas vagas intensas no nosso país, a gestão das diferentes associações responsáveis pela organização de competições desportivas no âmbito da recriação e lazer em Aveiro tem sido feita caso a caso. Se a Associação de Futebol Popular do Município de Ovar (AFPMO) e a Liga Census decidiram arriscar iniciar a atual temporada ainda em 2020, tendo posteriormente sido obrigadas a suspender a atividade devido à Covid-19, a Associação de Futebol Popular do Concelho de Espinho (AFPCE) e a Fundação Inatel optaram por esperar pelo início do próximo ano para arrancarem com as respetivas competições. Apesar de os dirigentes acreditarem que será possível concluir a época, há planos de contenção preparados para a eventualidade de tal não se poder concretizar dentro da normalidade, e uma preocupação comum: o mais importante será preservar a saúde de todos os intervenientes.

Armando Tavares, responsável pela Liga Census, competição de futsal, desabafa que, hoje, chega a arrepender-se de ter iniciado o campeonato em outubro. “Podíamos ter sido mais cautelosos e não termos arrancado” nessa altura, admite, mas lembra que a decisão de levar a prova por diante “foi tomada por unanimidade” pelos clubes participantes. Foi também assim na AFPMO, até que o evoluir da pandemia a obrigou a colocar um travão na prova. “Ficámos preocupados com alguns concelhos, muito afetados pela pandemia, e também começaram a surgir casos de Covid-19 nas equipas. Fizemos uma reunião de urgência e tomámos a decisão de suspender campeonato”, recorda o presidente da associação, José Rodrigues.



Em ambas as provas, e apesar de entre o início da época e a decisão de parar os campeonatos haver poucas semanas de intervalo, houve partidas adiadas, o que leva a uma gestão complexa dos calendários. “Em três jornadas, só a primeira está completa. Havia muitas equipas com elementos que estavam condicionados e a verdade desportiva não iria ser a mesma do que numa situação normal”, aponta Armando Tavares, enquanto no futebol popular de Ovar há apenas dois jogos para repor. “Tínhamos datas suficientes caso tivéssemos de adiar algum jogo. As equipas já estavam cientes do que podia acontecer”, relativiza o seu presidente.

Esse problema foi, pelo menos para já, evitado pela AFPCE e pela Fundação Inatel, que atiraram para o início de 2021 o arranque dos seus campeonatos. “O tempo deu-nos razão. Todos os clubes tiveram uma decisão muito madura”, sublinha Tiago Paiva, responsável pelo futebol popular de Espinho, que fala numa deliberação “devidamente ponderada e estruturada” que obrigou a uma reformulação dos campeonatos. Eles “serão feitos a uma volta, com fator casa aleatório e subidas e descidas de divisão”, enquanto “as eliminatórias da Taça serão disputadas na totalidade”.

Por sua vez, a Fundação Inatel esclarece, em comunicado, que “o período de realização da fase distrital será estabelecido mediante proposta da unidade de Inatel Local (IL) ao departamento de desporto, mas nunca antes de 9 de janeiro de 2021”, apontado para junho a realização da fase nacional.

Prioridade a uma retoma segura
Com as competições paradas até ao final do ano, a prioridade passa por reunir as condições de segurança necessárias para uma retoma segura para todos os intervenientes. Em Espinho, trabalha-se, em parceria com a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesia, no melhoramento das condições dos complexos desportivos “para se poder cumprir com os requisitos impostos pela DGS e pelo Governo”, salienta Tiago Paiva. “Iremos salvaguardar ao máximo a saúde das pessoas, com regras nos treinos, nos jogos, nos balneários e na passagem de pessoas nos complexos desportivos, onde teremos um responsável por medir a temperatura das pessoas, para que o risco de contágio seja o mínimo possível”, acrescenta o dirigente.

Por sua vez, Armando Tavares enaltece a “consciência” que todos os clubes da Liga Census evidenciaram desde o arranque da época. “Não tivemos sustos. Sempre que houve alguma suspeita, por mínima que fosse, todos a comunicavam e, em comum acordo, adiava-se o jogo. Só tenho de gabar quem está na Liga Census, que tem agido com muito boa-fé e vontade de dar a volta”, salienta, garantindo que “só se irá voltar a jogar quando existirem as mínimas condições de segurança” para o fazer.

Esperança em terminar a época
Em todas as associações, o regresso das competições terá de ser avalizado pelos clubes participantes. O futebol popular de Ovar reúne a 8 de janeiro, momento em que será proposto o regresso do campeonato a 24 de janeiro, ficando o dia 17 reservado para se disputarem os dois jogos que se encontram em atraso. “Com as medidas que estão a ser tomadas e com a vacina, acredito que o vírus vai começar a abrandar. Começando a haver menos casos, vamos chegar ao final do campeonato”, acredita José Rodrigues.

Armando Tavares também tem essa esperança, mas sabe que se terá de “andar a reboque deste vírus maldito”. “Temos alinhavado retomar a 15 de janeiro, mas sempre condicionado à pandemia”, acrescenta, sendo que o plano passa por agendar jornadas duplas para ser possível cumprir os jogos em atraso no campeonato. “Se não tivermos datas para isso, uma das hipóteses em aberto é eliminar a taça, como aconteceu no ano passado, quando tivemos de suspender os campeonatos”, adianta o dirigente, uma ideia que será colocada a discussão quando os clubes se reunirem para definirem qual o rumo a dar à atual temporada. O seu final tem de acontecer até junho, devido aos “seguros desportivos, que caducam nessa altura”, completa Armando Tavares.



Em Espinho, e com as competições devidamente reformuladas, a única questão pendente prende-se com a data em que se irá dar o pontapé de saída na nova temporada. “Vamos fazer uma avaliação no início de janeiro com os associados. Eles é que vão decidir se vamos iniciar a época”, garante Tiago Paiva. Caso seja dada luz verde, o campeonato tem o seu início agendado para o mês de fevereiro.

2021 deverá trazer o regresso do futebol popular, em Espinho e Ovar, das provas da Fundação Inatel e da Liga Census. Pelo simbolismo do momento e pela relevância social que estas competições possuem, será um momento certamente marcante, sobretudo para as largas centenas de atletas que têm nestas competições a razão para se dedicarem à prática desportiva. E ela também é um meio de se construir uma sociedade mais saudável, mesmo em tempos de pandemia sanitária. Irónico, não?

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29 de Dezembro de 2020
Rui Santos
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