Caráter e qualidade dos jogadores explicam segunda volta impressionante do Anadia FC

É certo que, após a derrota no muito badalado jogo diante do Torrense, o Anadia FC caiu para a 3.ª posição da Série C do Campeonato de Portugal, mas desde que se iniciou a segunda volta da prova ninguém pontuou mais do que os ‘trevos’. Só o líder, SC Praiense, consegue acompanhar o andamento da equipa da Bairrada, sendo que ambos somam 18 pontos na segunda metade da competição, mais um do que o Benfica de Castelo Branco.
 

De facto, os registos da segunda volta têm um impacto significativo no desenho atual da tabela classificativa. Se o SC Praiense aproveitou para se distanciar da concorrência, o Benfica de Castelo de Branco e o Anadia FC saltaram da 5.ª e 7.ª posição, respetivamente, para os restantes lugares do pódio da Série C, ultrapassando o CD Fátima, o SC Beira-Mar, o Sertanense e o Caldas SC.

“O que mudou? Essa é uma opinião difícil”, confessa Pedro Hipólito, que assumiu o comando dos ‘trevos’ no início do mês de fevereiro, após a saída de Nuno Pedro para o RD Águeda. “Sei que houve um momento em que o Anadia passou por graves problemas. Isso afetou a equipa e, certamente, afetou o trabalho de toda a gente”, lembra o técnico, que, apesar desse cenário, não demorou muito a aceitar o convite dos responsáveis do Anadia FC.

“Recebi o convite numa terça-feira e apresentei-me no estádio na manhã do dia seguinte, sobretudo porque, quando o Jorge Manuel Mendes me ligou, ele disse-me que aqueles eram jogadores de caráter, que tinham passado por muito e, mesmo assim, tinham tido uma força enorme para aguentar toda aquela situação. Eles estavam de corpo e alma no clube”, recorda.

Esse caráter, aliado à qualidade dos jogadores, foi preponderante para uma série impressionante de vitórias do Anadia FC, cinco, que catapultaram a equipa para a vice-liderança da Série C. A melhor sequência de resultados da época foi construída com triunfos pela margem mínima, diante de Sertanense (1-0), Vitória de Sernache (3-2), Benfica de Castelo Branco (2-1), ARC Oleiros (1-0) e Marinhense (1-0), algo que não surpreende o técnico. “Além de bem organizadas e bem treinadas, as equipas têm jogadores de qualidade e há muita competitividade. Os jogos são decididos ao pormenor, o que é muito aliciante”, explica, dando como exemplo “o número de empates e de vitórias pela margem mínima que existem na série”.

“Tirando o Praiense, que vai destacado, todos os outros clubes estão separados por poucos pontos, seja na luta pelo playoff ou pela manutenção. Neste momento, ninguém tem nada garantido e todos os jogos são duríssimos”, acrescenta Pedro Hipólito, que joga pelo seguro no que toca a metas para a atual temporada.

“O objetivo que foi pedido, e que é fundamental para o projeto do clube, é a manutenção”, o qual está bem encaminhado. No entanto, o atual 3.º lugar, a apenas um ponto de distância da zona que dá acesso ao playoff de subida à LigaPro, abre boas perspetivas quanto a objetivos mais ambiciosos, ainda que o ideal seja pensar num jogo de cada vez.

O próximo é com o Oliveira do Hospital, para o qual, em virtude do que aconteceu na última jornada, em que o Anadia FC terminou o jogo com o Torreense reduzido a nove elementos, Pedro Hipólito conta ter “um máximo de 14 jogadores” para preparar a partida. O cenário demonstra que “o plantel não é assim tão vasto” e vai obrigar a alguma criatividade na abordagem ao próximo desafio. “Mas isso não quer dizer que não vamos tentar vencer. Em cada jogo, vamos tentar ganhar e, no fim, fazemos as contas”.

Essas serão “dores de cabeça” com as quais o treinador terá que lidar quando for retomada a atividade no futebol, no nosso país. Até lá, o jogo é outro e tem como adversário comum a Covid-19, uma pandemia que deixou Portugal em estado de emergência nacional e nos confinou às nossas casas, para impedir a propagação da doença.

“Neste momento, ficar em casa e estar isolado é uma prioridade para todos. O mais importante é o nosso bem-estar, o da nossa família e, ao fim ao cabo, o de todos, para que possamos, com saúde e segurança, voltar à nossa vida normal. Espero que isso possa acontecer rapidamente”, atira Pedro Hipólito, que vê na situação atual uma oportunidade para limpar o ambiente em torno do futebol.

“Que isto sirva para todos nos podermos perguntar: ‘Para quê tanta polémica, tanta desconfiança, tanta mentira, quando há coisas muito mais importantes do que isso?’ Se calhar, este é um bom momento para todos pensarmos e fazermos do futebol algo de mais saudável”, conclui.

Fotografia
Jornal da Bairrada

 

22 de Março de 2020
Rui Santos
ruisantos@afatv.pt
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