Com a criação do Campeonato Interdistrital de futsal feminino de Sub-17, cuja organização coube à Associação de Futebol de Viseu, em parceria com a Associação de Futebol de Aveiro (AFA), os clubes aveirenses começaram a perceber a importância do contexto competitivo num escalão em que as atletas têm uma preferência bem definida quanto ao modelo que deve ser adotado em prol do seu futuro na modalidade.

Segundo Francisco Machado, técnico que assumiu o comando da equipa de juvenis femininos do GD Gafanha esta temporada, “as jogadoras estavam muito motivadas pelo facto de jogarem apenas contra raparigas na prova interdistrital”. “Sabendo que vão jogar num campeonato 100% feminino, é como se fosse uma nova etapa na sua vida desportiva”, explica, assegurando “a emancipação do jogo coletivo no feminino”. “Com a competição entre raparigas há um equilíbrio natural. No caso do GD Gafanha, a evolução foi evidente. Qualquer uma das jogadoras sabe o que tem de fazer para não ser um jogo apenas de pontapé para a frente”, afirma.

Também no Lusitânia de Lourosa FC, a necessidade de participar numa competição apenas com raparigas é como que “uma chamada de atenção para os clubes que não apostam na formação”, defende o técnico Ângelo Pereira, que se debateu com algumas dificuldades ao longo da época. “Tinha apenas sete atletas, e todas elas jogavam numa equipa mista de iniciados, com apenas três rapazes. Foi difícil trabalhar assim”, refere, ele que não esconde o orgulho pelas suas jogadoras. “Em alguns jogos tinham de se atirar para o chão perto do final, porque estavam mesmo no limite das suas capacidades físicas. Na maior parte dos jogos, chegávamos ao intervalo a vencer, mas, no segundo tempo, tudo mudava”, recorda.

No caso do GD Novasemente, que terminou o campeonato em igualdade pontual com o vencedor, o Futsal Clube Lamego, o clube esteve na iminência de criar duas equipas para o escalão de infantis, mas a treinadora, Sofia Ferreira, sugeriu que a participação no Interdistrital seria “uma boa oportunidade para entrar numa competição exclusivamente feminina”. “Entendemos que as meninas gostariam mais de jogar apenas contra meninas. E isso surtiu efeito na forma como elas desenvolveram as suas capacidades”, admite, ressalvando que o clube nunca cedeu à tentação de utilizar até oito jogadoras dos juniores no campeonato, tal como estabelecido no regulamento. “Quando vejo que a minha equipa atingiu o 2.º lugar com os mesmos pontos do 1.º, só posso estar satisfeita. Do meu ponto de vista, o balanço é positivo, mas a verdade é que também defrontámos equipas com jogadoras que jogam em juvenis e em juniores, enquanto nós mantivemos a nossa estratégia”, afirma.

“Foi uma aposta ganha”
Para André Sapata, membro do gabinete técnico da AFA, o balanço da primeira edição do Campeonato Interdistrital é positivo, sobretudo porque “se conseguiu suprir uma necessidade competitiva, adequando o campeonato ao desenvolvimento das atletas”. “Nesse aspeto foi uma aposta ganha, tendo também em conta o que foi a resposta que as equipas de Aveiro deram no Interdistrital. Tivemos um campeonato a ser discutido até ao fim e com duas equipas de Aveiro a lutarem pelo 1.º lugar, com uma delas a perder apenas no confronto direto”, lembra, assegurando que a próxima edição da competição, cuja organização está a cargo da AFA, “vai depender do interesse dos clubes, porque não há obrigatoriedade de participação”. “Temos de perceber, primeiro, qual é o caminho que os clubes querem seguir no futsal feminino”, conclui.

O Futsal Clube Lamego foi o vencedor da edição inaugural do Torneio Interdistrital Sub-17 de futsal feminino, com 25 pontos. O Novasemente GD terminou a prova na 2.ª posição, com a mesma pontuação, mas perdeu no confronto direto com a equipa de Viseu. O pódio fica completo com o GD Gafanha, que somou 21 pontos. A tabela classificativa fica completa com o Lusitânia de Lourosa (9 pontos), a CB de Mortágua (7 pontos) e o Viseu 2001 (1 ponto).

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