À medida que as chuteiras foram palmilhando os relvados, a ansiedade esbateu-se até dar lugar a rasgados sorrisos. Depois dos graúdos, foi a vez dos miúdos regressarem à competição, no último fim de semana. Reviveram-se momentos de emoção, em que a bola voltou a ser a principal ferramenta para promover a alegria entre os jovens que jogam futebol.

Por todo o distrito de Aveiro, centenas de equipas de futebol juvenil regressaram à tão desejada competição, depois de largos meses de suspensão da sua atividade. Para o diretor técnico da Associação de Futebol de Aveiro (AFA), Carlos Miragaia, o ceticismo deu lugar ao “empenho e dedicação dos clubes em fazerem acontecer o desejado regresso”.

“Mediante o feedback que temos recebido dos clubes relativamente ao que foi a expetativa dos constrangimentos da pandemia, podemos considerar que o regresso da competição foi positivo, porque permite a prática desportiva”, explica o responsável, que valoriza ainda o facto de os clubes “poderem começar a preparar a próxima época com alguma antecedência, com outra visão e outra avaliação dos jogadores dos diferentes escalões”.

Carlos Miragaia não se diz surpreendido com as “cerca de 500 equipas inscritas”, sobretudo pelo modelo competitivo que foi apresentado pela AFA. “Foi o formato possível, mas é aquele que julgamos ser o mais adequado face à situação que vivemos, até para que a competição não se arraste demasiado no tempo”, afirma.

Um regresso assente numa boa preparação
Emanuel Mendes é coordenador técnico do futebol juvenil do CF União de Lamas e diz-se satisfeito por “todo o esforço desenvolvido nos últimos tempos” para permitir o regresso dos jovens à atividade desportiva. O dirigente assume que “é um momento alegre, porque já fazia falta a muita gente”.

“A pandemia obrigou-nos a pensar de maneira diferente. Estamos numa realidade nova, mas durante o confinamento fizemos um trabalho de preparação para o regresso, nunca abandonando os nossos atletas e promovendo o seu acompanhamento, ainda que à distância”, explica, acreditando que “o clube está a colher os frutos do trabalho desenvolvido”.

“Não estamos a 100%, também porque tivemos alguns escalões em que os pais optaram por não trazer os miúdos, mas vai ser uma questão de tempo até isso acontecer. Face à importância que a atividade desportiva tem para os jovens, e perante as melhores condições que os clubes proporcionam, acho que vamos chegar à normalidade em segurança”, sublinha.

Emanuel Mendes exorta “o trabalho da AFA na organização das competições e no apoio aos clubes”, salientando que, “quanto ao modelo competitivo, era impossível fazer melhor”. “Temos de ter confiança na normalidade. As condições que estão a ser criadas, neste caso com o máximo de segurança, só nos podem fazer andar para a frente”, refere.

Para Edgar Moreto, treinador da equipa de iniciados da AD Taboeira, “a alegria dos jogadores foi evidente nos seus rostos” aquando do regresso à competição, admitindo que teve mais dificuldades em gerir emoções “quando existiam condicionamentos aos treinos”. “Não era fácil em alguns momentos travar a impetuosidade dos jogadores e fazê-los cumprir as regras. Tinha de lhes pedir calma porque não podíamos fazer um treino em conjunto”, recorda.

O treinador considera que “esta fase de regresso não foi complicada em termos de ansiedade, porque os jogadores olharam para o jogo como uma oportunidade de voltarem a fazer o que mais gostam”. “Foi muito positivo. Regressar à competição com uma vitória também ajuda e é sempre bom”, assume, em alusão ao resultado do jogo de estreia.

Edgar Moreto lembra ainda que a AD Taboeira “não deu esperanças vãs aos jogadores”. “Fomos verdadeiros com eles, dizendo-lhes que, quando pudéssemos regressar, mais cedo ou mais tarde voltaria tudo ao normal. Esse também era o desejo das entidades que dirigem o futebol e um cenário que, aos poucos, todos fomos vislumbrando”, conclui.

Fotografia
AD Taboeira