A distinção como melhor marcador da última edição da Taça de Portugal tem no jovem Tamble Monteiro um peso que extravasa o mero mediatismo que ela acarreta.

Há dois anos, quando representava o Anadia FC, recebeu a notícia do falecimento do avô a dois dias de um encontro com o Moncarapachense, no Algarve, para a segunda eliminatória da Taça. Tamble decidiu a ir jogo, em honra do familiar, e apontou, no tempo de compensação, o golo que valeu o apuramento aos bairradinos (2-1).

Desde então, a Taça de Portugal tornou-se “uma competição especial”, sendo também por isso natural que o avançado, de 22 anos, se mostre “feliz por ser o melhor marcador” da edição 2022/2023 da prova.

No Jamor, o portista Toni Martínez era quem tinha maior probabilidade de lhe poder roubar o feito. O espanhol, tal como Jhonder Cádiz (Famalicão), terminou a competição com seis golos apontados, tantos quanto Tamble, mas o jogador do SC São João de Ver marcou-os em menos jogos, apenas quatro, o que lhe permitiu liderar o ranking final de artilheiros.

A contagem iniciou-se com um 'hat-trick' ao Mortágua, na ronda inaugural, seguindo-se um golo apontado ao Esperança de Lagos e um 'bis' ao Montalegre, nas duas eliminatórias seguintes.

Apesar da concorrência apertada, Tamble garante ter assistido à final da Taça de Portugal entre FC Porto e SC Braga “sem o nervosismo de saber se ia ser ou não o melhor marcador”. Nesse particular, houve um momento crítico, ao minuto 53, quando os dragões se adiantaram no resultado. Toni Martínez, solto ao segundo poste, preparava-se para encostar para o fundo da baliza, mas, em desespero, o bracarense André Horta tentou o desarme, acabando por fazer autogolo. “Se assim foi, é porque tinha de ser mesmo assim”, limita-se a dizer Tamble.

O prémio de melhor marcador da Taça de Portugal serve de consolação a uma temporada “muito difícil” vivida pelo avançado, marcada por uma “lesão muito complicada” no adutor, que o obrigou a parar durante quatro meses.

Fotografia
Sporting Clube São João de Ver